Quem imaginaria que a região do semiárido brasileiro se tornaria o segundo polo vitivinicultor do país? Ou que a manga ganharia o mercado internacional? O progresso corre nas veias do Rio São Francisco e transformou o Vale em sinônimo de riqueza.
Para se ter uma noção da força da região inserida no interior de Pernambuco e do Norte da Bahia: Só em 2018, 100 mil toneladas da uva de mesa cultivada em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) chegaram à Europa.
Riqueza que nasce nos projetos irrigados
Em 1950 o Estado começou a olhar para a interior com mais atenção e investiu na infraestrutura, transporte, saúde, educação e claro, no agronegócio. Pelo menos 20 décadas depois os primeiros projetos de irrigação foram implantados e o Vale se transformou.
A implantação dos projetos irrigados possibilitou aos produtores ter controle sobre a produção, já que o clima no Vale se assemelha ao do deserto: pouca precipitação, chuvas irregulares e longos períodos de estiagem. O Bebedouro, em Petrolina foi o primeiro. Em seguida vieram Nilo Coelho, Maria Tereza (Petrolina); Mandacaru e Curaçá (Juazeiro-BA).
O Vale e as culturas agrícolas
Bem verdade é que o Vale não se resume a Petrolina e Juazeiro. Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Orocó (em Pernambuco); Casa Nova, Curaçá e Sobradinho (na Bahia) contribuem com o desenvolvimento, fortalecendo a produção agrícola.
Juntas as cidades integram a Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento (RIDE), constituída em 2001 e regulamentada no ano seguinte. Meninas dos olhos, a uva é a principal cultura da região.
Não por menos o Vale detém 15% do mercado nacional com apenas três mil produtores. A manga não fica atrás: em 2016 o Vale atingiu a expressiva marca de 85% de exportação à Europa, Ásia, América do Norte e a África.
Em 2009, as duas culturas ganharam Indicação de Procedência pelo INPI, beneficiando diretamente 342 produtores de manga e de uva de mesa de Petrolina (PE) e de Juazeiro (BA).
Foi a primeira IP do País de frutas in natura e a primeira que reuniu produtores de dois estados. Indiretamente, a conquista da indicação geográfica reforçou perante todo o mundo o dom da região para fruticultura.
Mas há espaço também para o coco, goiaba e acerola. Com isso reforça-se a vocação da região: exportar as riquezas naturais e impulsionar o progresso no Semiárido brasileiro.
Geração de emprego e desenvolvimento econômico
Os números citados acima fazem de Petrolina e Juazeiro – as principais cidades da região – as líderes na geração de emprego. No primeiro semestre de 2019 Juazeiro liderou no Nordeste com 2.834 vagas criadas. Destaque para indústria de transformação, agropecuária e serviços.
Petrolina aparece logo atrás, com 2.649 vagas. Levando em conta todo Vale, são 100 mil empregos diretos e uma movimentação de U$ 3,8 milhões diretamente da agricultura.
Educação e saúde no Vale do São Francisco
Todos os elementos mencionados anteriormente contribuem não apenas à economia, mas também à educação e saúde. O Vale é um polo universitário, com instituições de ensino federal em Petrolina e Juazeiro, universidades federais e estaduais e atraem alunos das mais diversas localidades do Brasil.
A relevância das cidades irmãs também é vista através da Rede de Regulação em Petrolina e a da Central Interestadual de Regulação (Rede Peba). Nessas cadeias médicas, as unidades de saúde estaduais e federais – como o Hospital Universitário – atendem a 53 municípios baianos e pernambucanos de toda a região.